Motoboy ‘sócio’ de empresa investigada movimentou R$ 2 milhões de verba pública em São João da Boa Vista, diz PF
03/12/2024
Investigação apura práticas ilegais na execução de convênio entre prefeitura e organização social (OS). Força-tarefa em conjunto com a CGU cumpre 13 mandados de busca em 10 cidades de SP. PF faz operação contra supostos desvios de recursos da saúde em São João da Boa Vista
A investigação que apura supostos desvios de recursos públicos da saúde, por meio de um contrato entre uma organização social (OS) e a Prefeitura de São João da Boa Vista (SP), encontrou grandes indícios de irregularidades. Entre as descobertas, está o fato de que um dos sócios de uma das empresas envolvidas na movimentação de R$ 2 milhões era um motoboy, disse o delegado da Polícia Federal de Campinas Edson Geraldo de Souza, nesta terça-feira (3).
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A investigação da PF também encontrou empresas prestadoras de serviços de imagem para pacientes, mas que na verdade não tem nenhum empregado.
Uma força-tarefa em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU) cumpre 13 mandados de busca em 10 cidades de SP nesta manhã.
Polícia Federal apura desvios de recursos da saúde em São João da Boa Vista
Reprodução/EPTV
De acordo com a Polícia Federal, o objetivo da investigação é apurar irregularidades na gestão de recursos públicos no convênio firmado em abril de 2022 entre o governo de São João da Boa Vista e uma organização social que presta serviços terceirizados na área de saúde. Os repasses foram de pelo menos R$ 50 milhões, sendo que R$ 14 milhões eram do governo federal.
“Ela já estava terceirizada e subcontratou outras empresas. E as notas fiscais mostram ainda uma sub da subcontratação. Isso praticamente inviabiliza o controle ou a fiscalização do dinheiro público”, disse o delegado da PF em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo.
Segundo o delegado da Polícia Federal em Campinas Edson Geraldo de Souza, não há uma investigação direta sobre a conduta da prefeita de São João da Boa Vista, Maria Teresinha de Jesus Pedroza (PL). A prefeitura fará uma coletiva de imprensa nesta manhã.
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Empresas fantasmas
PF e CGU fazem operação em São João da Boa Vista contra desvio de dinheiro público na área da saúde
Carioca/Notícias Policiais
A PF constatou que as subsidiárias contratadas não têm empregados, os endereços não correspondem e muitos não existem. Além disso, muitas vezes os colaboradores da própria organização sem fins lucrativos às vezes figuravam como diretores, como conselheiros e como realmente empregados.
“Nós encontramos, por exemplo, médico contratado prestando serviço com 350 quilômetros de distância entre um ponto e outro e recebendo mais de 36,5 plantões de 12 horas, ao mesmo tempo em que estaria cumprindo 40 horas semanais em Bertioga (SP). Então isso é impossível, inviável”, disse o delegado.
A investigação também chegou a uma empresa de prestação de serviços de assistência para equipamentos hospitalares. Quando verificamos, era uma empresa de esquina que consertava televisão”, explicou o delegado.
Investigação
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Segundo a PF, os investigados fizeram transferências de "elevados valores" das contas da organização social e das empresas para a conta corrente do chefe do esquema, familiares e pessoas ligadas a ele, como sócios, empregados ou gestores das companhias subcontratadas.
O principal investigado, ainda de acordo com a Polícia Federal, tem "elevado padrão de vida em Portugal e ostentação nas redes sociais". A corporação ainda apura suspeita de lavagem de dinheiro relacionada à compra e emplacamento de carros de luxo e imóveis de alto padrão em nome do chefe da organização criminosa ou familiares.
Os investigados podem responder por organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, com penas que chegam a 35 anos de prisão. O nome da operação, "Quarto Elemento", é uma referência à "quarteirização", que é o conceito aplicado aos contratos de gestão quando uma terceirizada faz a contratação de outras empresas.
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