Famílias ocupam prédio do INSS e reivindicam moradia social no Centro de Campinas; entenda
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Famílias que ocupam prédio público há 10 dias reivindicam moradia social no Centro de Campinas
Reprodução/Instagram
As cerca de 200 famílias que ocupam um prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na Av. General Osório, em Campinas (SP), reivindicam a criação de moradias sociais no centro da cidade. A ocupação ocorreu em 7 de setembro, e o movimento afirma que o imóvel estava abandonado havia cinco anos.
Proprietário do edifício, o INSS nega o abandono e afirma que o imóvel estava ocupado pela prefeitura até o ano passado (2024). O órgão afirma que já iniciou o processo de reintegração de posse.
Matheus Cavalari, um dos organizadores da ocupação "Palestina Livre! Elesbão Vive!", conta que cerca de 200 famílias que viviam nos bairros Parque Oziel, Campo Belo e o Jardim Telesp agora vivem em cômodos do prédio.
Segundo a organização, o grupo quer que o edifício se torne uma moradia popular.
"A gente está transformando o prédio cada dia mais em um lar, resolvendo várias questões para que aquilo seja um lugar para a gente morar com dignidade, e fazer daquele espaço um lar. Ainda assim, a gente faz a disputa política para construir novas casas [para moradia social]", explica Matheus.
A ocupação foi organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), em conjunto com outras 18 ocupações em 16 estados. Segundo o organizador, os ativistas do movimento social foram para os bairros convidar as famílias para ocupar o prédio.
📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
Matheus, que vive no edifício com seu namorado, explica que seus vizinhos viviam de aluguel, ou morando em situações bem precárias. "Agora a gente oferece um espaço para que eles vivem em coletivo, onde a comida e a organização da casa é feita de forma coletiva", diz.
"Cada vez mais, a classe trabalhadora vai para a periferia, e para longe dos centros urbanos. A gente tem que acordar cedo, muitas vezes, pegar mais ônibus, mais busão, pagar mais caro, perder mais tempo de ônibus. É o meu caso, por exemplo. Agora, morando na ocupação, eu moro pertinho do meu trabalho", explica.
Água encanada e luz
"A gente chegou lá, e não tinha nada". Matheus relembra que quando as famílias ocuparam o edifício só havia uma coisa: entulho.
Desde o dia da ocupação, os moradores dizem que já esvaziaram caçambas de entulho, madeiras e arquivos antigos.
Os ativistas também garantiram que o prédio tivesse água encanada, energia elétrica e até um chuveiro com água quente.
"As famílias vivem com almoço e janta todos os dias, que as próprias famílias se organizam para fazer, banheiro com água encanada, com luz em toda a ocupação. As demais coisas, como decoração, a gente vai avançando", relata Matheus.
O prédio
Matheus afirma que antes de ocupar um prédio, o MLB faz uma "escolha minuciosa" e verifica a viabilidade de cada imóvel.
"A gente ajuntou um processo que já está previsto na lei, que é garantir que todo brasileiro trabalhador tenha direito à moradia digna e de qualidade", defende.
O ativista também afirma que uma comissão de negociação do movimento social atua para garantir a permanência dos moradores no prédio.
O que diz o INSS?
Procurado, o INSS informou por nota que já iniciou processo de reintegração de posse.
O órgão também informou que o imóvel está categorizado, atualmente, "como não operacional, e que depois que houver a reintegração de posse, ele será encaminhado para a Superintendência do Patrimônio da União, que passará a fazer a gestão do mesmo".
Famílias que ocupam prédio público há 10 dias reivindicam moradia social no Centro de Campinas
Reprodução/Instagram
*Estagiária sob supervisão de Fernando Evans.
VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região
Veja a reportagem completa na página do g1 Campinas
