Entenda por que falta de certificação impede consumo de queijos artesanais

  • 08/09/2025
(Foto: Reprodução)
Entenda por que falta de certificação pode por em risco o consumo de queijos artesanais Na semana passada, 270 kg de queijos artesanais apreendidos em Ribeirão Preto (SP) foram descartados pela Vigilância Sanitária da cidade. Os produtos, recolhidos de cinco estabelecimentos no Mercadão Central na segunda-feira (25), estavam sem informações de procedência, fabricação e validade e, por isso, foram considerados impróprios para consumo humano. As peças foram descartadas no aterro sanitário no mesmo dia. 📱 Siga o g1 Ribeirão Preto e Franca no Instagram O caso gerou revolta e indignação por parte da população e dos comerciantes, uma vez que, segundo eles, a aparência das peças de queijo estava normal. Mas a falta de informações essenciais sobre produção e manuseio de produtos, principalmente aqueles derivados do leite, pode representar riscos à saúde das pessoas. LEIA TAMBÉM Vigilância Sanitária apreende 270 kg de queijo artesanal no Mercadão de Ribeirão Preto Queijos apreendidos não tinham informações de procedência, fabricação e validade Ao g1, o infectologista Luis Felipe Visconde explicou que a validade de um produto, principalmente derivado de leite, é fundamental e deve ser seguida à risca. Os queijos apreendidos não tinham esta informação. "Estamos falando de produtos que tem um risco real de contaminação, um risco real de proliferação bacteriana e, portanto, garantir toda essa segurança, estar alinhado com o que fala o fabricante, é fundamental para a gente ter segurança no consumo desses produtos derivados de leite e o leite propriamente dito". Peças de queijo artesanal foram apreendidas por falta de rótulo em Ribeirão Preto, SP Ronaldo Gomes/EPTV De acordo com a Vigilância Sanitária de Ribeirão Preto, além de não contarem com informações sobre procedência, fabricação ou validade, os queijos apreendidos eram artesanais, mas não tinham nenhuma das certificações necessárias para comercialização: Selo de Inspeção Municipal (SIM) Selo de Inspeção Federal (SIF) Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-POA) Ainda de acordo com a Vigilância Sanitária, os produtos também não contavam com o Selo de Identificação Artesanal (Selo Arte), certificação específica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para alimentos produzidos artesanalmente. Selo de Identificação Artesanal certifica que produtos alimentícios de origem animal foram elaborados de forma artesanal Ministério da Agricultura e Pecuária Quais os riscos à saúde? Segundo o infectologista Luis Visconde, queijos e derivados precisam ser produzidos em condições adequadas, desde o momento da extração do leite até o processo de pasteurização e a chegada no produto final. Qualquer erro no meio do processo, seja produção, armazenagem ou exposição, aumenta a possibilidade de micro-organismos e bactérias se estabelecerem. "São vários os fatores que vão determinar a velocidade com que uma contaminação vai gerar, vai produzir um alimento de risco para o consumidor. Isso está muito relacionado com a carga de transferência bacteriana, ou seja, quanto mais bactéria é transferida por um preparo ou armazenamento inadequado, maior a chance daquele alimento, em pouco tempo, não estar propício para consumo". Ainda segundo Visconde, outros fatores ambientais, como temperatura e umidade, podem tanto acelerar quanto retardar este crescimento de micro-organismos e bactérias. "Quando em condições adequadas de temperatura, umidade, essa transferência de bactérias para o alimento ocorre em grande quantidade, a gente pode ter um período relativamente curto, de 24 a 48 horas, em que aquele alimento já pode estar em condições impróprias para consumo e que, se consumido, pode cursar com consequências graves para o indivíduo". Em contaminações alimentares, os grupos de bactérias mais comuns, que geram maior preocupação de especialistas e são mais prevalentes, são Staphylococcus aureus e coliformes fecais. "O Staphylococcus aureus é uma bactéria que está presente no ambiente, pode ser transferida pelo contato, principalmente, quando a gente não tem cuidado com a higienização da mão e do ambiente de trabalho. Ela tem uma característica de produzir algumas substâncias que chamamos de toxinas, são substâncias tóxicas para o organismo humano, que, se ingeridas em grande quantidade, podem causar sintomas e manifestações clínicas preocupantes, alarmantes e até potencialmente letais", diz o infectologista. Staphylococcus aureus, bactérias que podem causar desde intoxicação alimentar até infecções cutâneas e pneumonia Scientificanimations/Wikimedia Commons Os coliformes fecais, ressalta Visconde, representam um grupo de bactérias presente em grande quantidade no trato digestivo humano. Em situações em que não existe também o cuidado na manipulação, preparo dos alimentos e higienização adequada das mãos, estas bactérias podem contaminar alimentos. "Uma vez ingeridas, a depender da quantidade e também de alguma subespécie, podem gerar infecções, gastroenterite, condições em que essa bactéria invade o trato digestivo e pode cursar com náusea, vômitos, diarreia e também condições relativamente graves, que podem colocar a vida do indivíduo em risco". Segundo Visconde, bactérias presentes em queijos contaminados podem estar associadas a duas doenças principais: listeria (causada pela bactéria Listeria monocytogenes) e brucelose (causada pela bactéria Brucella). "A gente tem, por exemplo, uma bactéria conhecida como listeria, que tem associação com consumo de leite e produtos derivados do leite produzidos em condições inadequadas e ela pode causar algumas formas graves, menos comuns, mas graves, de meningite. E existe uma outra doença, que é transmitida do animal para o homem, que é a brucelose, também causada por uma bactéria". Ainda segundo o infectologista, a brucelose, pode apresentar quadro de febre prolongada e outros sintomas que podem, inclusive, se perpetuar por um longo tempo. "Muitas vezes, ela é de difícil diagnóstico e a gente sabe que existe uma associação direta da sua ocorrência com o consumo de produtos lácteos que não foram adequadamente armazenados ou não foram adequadamente processados para garantir a segurança". Durante a operação que apreendeu os queijos artesanais no Mercadão, Josimara Lourenço, coordenadora da área de alimentos da Vigilância Sanitária de Ribeirão Preto, falou, justamente, sobre o risco de contaminação. "Não pode ser destinado ao consumo humano, tem risco de contaminação microbiológica, contaminação por agentes físicos, porque como você não tem um controle da produção, você pode ter um corpo estranho, existem vários riscos no consumo desse alimento". A importância da validade do alimento O infectologista também afirma que é importante o consumidor ficar de olho na validade de qualquer alimento, mas os derivados de leite exigem atenção ainda maior. "Quando a gente pensa na validade de um alimento, entende que houve um estudo, houve toda uma avaliação da viabilidade daquele produto e quer dizer que, dentro daquela validade estipulada, e, importante, nas condições adequadas de armazenamento definidas pelo fabricante, a gente consegue ter segurança de que não teremos o risco dessa proliferação bacteriana anormal". Produtos artesanais precisam de selo artesanal Ao g1, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) informou, por meio de nota, que a legislação vigente determina que produtos de origem animal só podem ser adquiridos, manipulados, transportados e comercializados quando provenientes de estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção de São Paulo (SISP) ou em sistemas de inspeção municipal ou federal. No dia da apreensão, comerciantes do Mercadão disseram que o produto era proveniente de Minas Gerais e está regularizado no estado mineiro. Mas, para ser comercializado em São Paulo, é necessário se adequar às leis do estado paulista, de acordo com a SAA. "Para o comércio interestadual, a legislação federal autoriza a circulação apenas de produtos oriundos de estabelecimentos integrados ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) ou que possuam o Selo Arte, conforme previsto no Decreto nº 5.741/2006, na Lei nº 13.680/2018 e no Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa)", diz nota. Cerca de 270 kg de queijo artesanal foram apreendidos no Mercadão Central de Ribeirão Preto, SP Vigilância Sanitária de Ribeirão Preto/SP No dia da operação, Josimara disse que a Secretaria de Saúde segue à risca a legislação e, por isso, por produtos apreendidos no Mercadão de Ribeirão Preto foram descartados. "A gente segue a legislação e a legislação exige que o produto passe previamente por inspeção higiênico-sanitária. Se o produto não tem inspeção higiênico-sanitária, portanto, não tem como garantir a qualidade desde lá do rebanho, porque não é só a qualidade e a forma como ele é fabricado, é desde o rebanho. Você garante que o animal não tenha nenhuma doença, que aquele rebanho está saudável, tem a ordenha. Todas essas etapas, quando o produto tem o selo, passam pela fiscalização. Sem isso, a gente não tem como garantir a segurança do consumo, mesmo sendo pequeno produtor". De acordo com o secretário de Saúde de Ribeirão Preto, Maurício Godinho, a cidade propôs um modelo de selo para comercialização de produtos artesanais entre municípios, mas os queijos apreendidos na semana passada também não contavam com esta certificação. "Ribeirão Preto propôs um modelo de consórcio entre municípios, que, se tiver em outro município, que a gente faça também o registro aqui em paralelo, em Ribeirão Preto, para ajudar o produtor e o comerciante, mas o produto apreendido hoje [dia 25 de agosto] não tinha nenhum tipo de registro". Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/09/08/entenda-por-que-falta-de-certificacao-impede-consumo-de-queijos-artesanais.ghtml


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